O ambiente não é mais caracterizado pela famosa balança clássica de Vincenzo Filizola sobre o balcão de madeira maciça, cuja vitrine colocava à mostra os doces de maria-caxuxa, maria-mole, doce de leite de copinho, suspiro colorido, doce de abóbora em formato de coração, doce de amendoim, entre outros, mas uma coisa não mudou: a variedade de produtos vendidos.
Tudo indica que as Havaianas azuis com solado branco continuam na moda
Estamos falando de uma versão atualizada, por assim dizer, dos antigos armazéns de secos e molhados – que vendiam de tudo um pouco nas décadas passadas. Os atuais “tem de tudo” resistem ao poder de um mercado cada vez mais diversificado e que tem na internet sua poderosa faceta que inclui muitas facilidades de compra e encontro do que se deseja.
Os atuais “tem de tudo” resistem ao poder de um mercado cada vez mais diversificado
Talvez a força dos atuais secos e molhados esteja na facilidade de encontrar o item em um momento de emergência, como aquela resistência de chuveiro que decidiu queimar no dia mais frio do ano. E, não pensem que eles são tímidos, a reportagem do Portal da Cidade Umuarama encontrou no Mil Coisas, no Jardim Birigui, que é um desses estabelecimentos na Capital da Amizade, do penico da avó à camisa de lampião passando pelas bolas de gude ao taco de bets – quem lembra dessas brincadeiras.
Utensílios domésticos em geral – ou melhor, acreditamos que quase todos
Pascoal Splendor, de 66 anos, fundador da Mil Coisas há 30 anos e que hoje recebe a ajuda do filho Daniel Splendor, de 40 anos, explica que o número de produtos cresce a partir da necessidade do cliente. “Se ele vem aqui e não encontra um item, a gente providência”, diz o fundador. “Praticamente todos os dias realizamos compras e, geralmente, além do produto adquirido, vem outros como novidade”, emenda o filho.
Um dos setores bem suprido costuma ser de materiais de reparos ou de construção para casa
É difícil descrever o número de objetos vendidos, e mesmo que ele possa ter aos mais jovens uma finalidade exótica, tenha certeza de que ele vai ter um uso. “Vendemos muitas bolas de gude e estilingues para pais que querem ensinar ou mostrar aos filhos como eram as brincadeiras de antigamente”, revela o senhor Pascoal, que constrói muitos desses brinquedos em madeira ou aquela tampa de tanque de lavar roupa que não vamos encontrar em larga escala em qualquer mercado.
Aquela tampa de tanque de lavar roupa que não vamos encontrar em larga escala em qualquer mercado
A ideia do passado diante das novas realidades – Não vamos encontrar grãos acondicionados em sacos, comprados diretamente do produtor, e que eram apanhados em conchas como ocorria nos armazéns de secos e molhados, porém, encontramos pequenas porções de outros produtos que geralmente são comercializados em grandes unidades que muitas vezes não são totalmente aproveitados em nossa casa.
Bebidas, produtos alimentícios e os tradicionais doces ainda estão no cardápio dos “tem de tudo”
O suspiro colorido e o doce de abóbora em formato de coração ainda têm espaço; só o baleiro que rodava sumiu
A gentileza é uma coisa desses estabelecimentos comerciais que o tempo não vai levar nunca apesar de seu caráter eclético que prioriza a adaptação do novo à necessidade do consumidor. Eles mantém o espaço para o aperitivo e a boa prosa. “Um cliente vem comprar algo toma uma pinguinha, um pai vem comprar algo, seu filho ganha um doce”, concluiu Pascoal.
Do penico da avó à camisa de lampião passando pelas bolas de gude ao taco de bets: os armazéns atuais têm
O nome do comércio de Pascoal Splendor e Daniel Splendor, não poderia ser melhor: Mil Coisas